Os amigos da cultura lá se juntaram, mais uma vez para dizer de sua justiça sobre as maleitas das quais padece a política cultural coimbrã. E parafraseando Abílio Hernandez, esta é uma tarefa árdua quando se «fala com uma parede» protagonizada, claro está pela Câmara Municipal de Coimbra. No entanto, o que ficou do debate não foi só que andamos com más e escassas culturas mas também que andamos todos de candeias às avessas. Com todos, designo cidadãos e agentes culturais. Por um lado, a cultura não construiu público e por outro, os agentes culturais não construiram nenhuma coesão. Daí que cada qual tenha a sua enfermidade e a sua ideia sobre o assunto. O que nos leva à questão premente : O que são então os amigos da cultura?E as opiniões divergem, há quem diga que são um protesto (isolado ou não, sabe-lo-e-mos no futuro) há quem diga que devem ser uma resposta. Parece-me muito francamente que o momento é mais de protesto que de procurar fazer a política cultural que a CMC não faz.
Não se deve este movimento substituir a um organismo eleito democraticamente, cuja única função é governar um município. Para isso é um movimento de protesto e não um partido político. Como tal, proponho que este movimento continue a existir como tal, protestando, todas as semanas, todos os dias, a todas as horas para que o público se aperceba que já não tem mais espectáculos que o centro comercial , o computador e a tv. Para que o público se aperceba de que lhe falta ir ao teatro, ver um espectáculo de música ou uma exposição diferentes do que já vê há anos. Pode ser que então, esse público se aperceba de que realmente não está nada bem como está e que o poder autárquico tem responsabilidades nisso. E quando tal acontecer, esperemos que o poder autárquico se aperceba de que é esse público que vota e faz com que esse poder autárquico exista. Pode ser que nesse momento de clarividência esse mesmo poder consiga por fim, satisfazer as necessidades dos seus cidadãos.
Pode ser....