Monday, November 27, 2006

O rei morreu! Viva o rei!
Morreu o pintor. Morreu o poeta. Mais um para o obituário, mais uma homenagem póstuma, mais livros para ler. E afinal, o que é que importa?

PASTELARIA

Afinal o que importa não é a literatura
nem a crítica de arte nem a câmara escura

Afinal o que importa não é bem o negócio
nem o ter dinheiro ao lado de ter horas de ócio

Afinal o que importa não é ser novo e galante
- ele há tanta maneira de compor uma estante

Afinal o que importa é não ter medo: fechar os olhos
frente ao precipício
e cair verticalmente no vício

Não é verdade rapaz? E amanhã há bola
antes de haver cinema madame blanche e parola

Que afinal o que importa não é haver gente com fome
porque assim como assim ainda há muita gente que come

Que afinal o que importa é não ter medo
de chamar o gerente e dizer muito alto ao pé de muita gente:
Gerente! Este leite está azedo!

Que afinal o que importa é pôr ao alto a gola do peludo
à saída da pastelaria, e lá fora – ah, lá fora! – rir
de tudo

No riso admirável de quem sabe e gosta
ter lavados e muitos dentes brancos à mostra



Sunday, November 19, 2006



Eram os anos 80 e Portugal fervilhava de cultura liderada pela vanguarda da revolução. Assim nasceram as os emblemáticos Kilas, o mau da fita e Crónica dos bons malandros. São a face do Portugal urbano e pós- revolucionário e oscilam entre o retrato dos resquícios de fascismo e o submundo do pequeno crime organizado. O glamour dos 80 está presente numa espécie de "movida Lisboeta", cheia de lantejoulas, muita laca e maquilhagem. Apesar de uma carreira diversificada, tanto Fonseca e Costa como Fernando Lopes conseguiram ser os pais da vanguarda e ultrapassar a barreira do trocadilho da Revista à Portuguesa ou do drama do romance histórico dos grandes clássicos do cinema português.

Thursday, November 09, 2006

Vinícius de Moraes era um alegre bon-vivant do São Paulo do século passado que acabou por ser também o enorme poeta pai da bossanova e do afro-samba. Foi ele que levou ao Brasil o orgulho de ser brasileiro, através de gerações de amigos, filhos, mulheres e palavras bem encaixadas no fundo das almas humanas de todas as partes. Vale bem a pena passar um tempinho no cinema e ver Vinicius.

Friday, November 03, 2006

Não queria ir sem deixar uma nota sobre esse infeliz concurso GRANDES PORTUGUESES. Eu sei que toda a gente fala do mesmo e já se fizeram graçolas várias sobre o assunto, mas o que me interessa descobrir que o povo acha que precisa de um novo Salazar? Ou que afinal até prefere o D. Afonso Henriques que batia na mãe? Ou até mesmo o Camões, que apesar de ter escrito uma epopeia que nos pôs no mapa, tinha como vida andar a perseguir mocinhas com sonetos?
Sinceramente, este concurso é coisa que não interessa nada, nem nos faz mais fascistas, assim se quiserem votem, que eu não vou votar!



Se há coisa que me aflige são os programas de miúdos. Porque raios têm que ter cores e vozes histéricas e bonecos contínuamente aos saltos como se acabassem de tomar uma mão cheia de LSD?
Ainda por cima falam com as crianças de uma maneira absolutamente esquizofrénica e demente. Seria possível tratá-los como futuros adultos em vez de vegetais?
Isto para os que são para crianças até 4 anos, porque os maiores levam com uma série de moralismos e sexismos absurdos, vejamos:
não se mente, não se bate, os rapazes têm sempre namoradas e andam sempre em grupo e são todos cool e toda a gente tem muita honra em relação a compromissos, ainda que muitas vezes tenham altercatos como roubos de namorados e coisas afins. è impressionante, nem deixam aos miúdos um espacinho para pensar e ter ideias sobre o que querem para a vida. Eu até percebo o Noddy mas ele é tão inocente que até chateia, mas onde está o Tom Sawyer e o Hunkleberry Fin? Sempre eram mais divertidos...
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